-Já fez esta viagem muitas vezes?
Respondi-lhe que nunca tinha a ido a Sevilha de Expresso. Comentário:
-É que hoje de manhã, em Lagos, mandaram-me para este Expresso, mas não sei o caminho para Sevilha….
Oi!!!! Isto vai ser bonito….
No ano passado, a 13 de Agosto, pelas 11:45 estava na Praça do Obradoiro, em frente da Catedral de Santiago de Compostela, tinha trilhado na Península Ibérica a forma da seta que indica o caminho. Em 2006 foi o caminho francês (desde St. Jean Piet du Port), em 2007 o Caminho Primitivo (desde Oviedo) e agora terminava o Caminho Português da Via de la Plata (entre Zamora e Santiago de Compostela, passando por Bragança e Vinhais).
Depois de terminado este desafio, outro se iria definir:
Qual o próximo caminho a realizar? Caminho do Norte ou Caminho da Via de la Plata.
A opção foi o Caminho da Via de la Plata, sabendo que iria encontrar temperaturas muito altas, uma vez que a ultima quinzena de Julho estava a ser muito quente. Algumas opiniões afirmavam que iria cozer e emagrecer 5 quilos… pois estava a precisar de perder uns quilinhos… esta seria uma boa opção.
Outro desafio será o modo de realização, pois será na sua totalidade a solo. Nos outros caminhos sempre tive alguns amigos que me acompanharam na totalidade ou em parte do caminho.
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Todos nós já fomos por algum motivo a uma loja chinesa. A maioria das vezes encontramos objectos semelhantes aos originais, mas que não passam de cópias. Para a cultura chinesa copiar originais é um elemento essencial, enquanto na Europa copiar é uma acção condenável.
Entendemos a copias como tentativa de apropriação de propriedade, pirataria ou outras coisas mais complexas, são substituídas (lá) por uma forma de apreço, de consideração e de estima pelo objecto original. Muitas vezes copia-se para tentar melhorar o original e assim sucessivamente se volta a copiar a cópia, numa tentativa de supera-lo.
O que se passa com as crónicas semanais de Gonçalo Cadilhe – Coordenadas Soltas, para a Revista Única do Jornal Expresso é muito semelhante à cultura chinesa, apreço e consideração por este aventureiro que fez do mundo a sua casa. Por este motivo algumas vezes farei eco do que se vai passando.
Este blog pode ter um título excessivamente pomposo, mas esperemos que as circunstâncias o justifiquem. Espero que as aventuras ou simplesmente as vivências de viajante sirvam para activar o espirito intrínseco do ser humano, a vontade de descobrir.
A “Alma de viajante” é adquirida com a percepção do viajar, quando sentimos que estamos a viajar, sentimo-nos mais reforçados. Por este motivo quem se interroga sobre “o porquê” de viajar sobre uma bicicleta, então nunca irá entender o verdadeiro conceito da “alma de viajante”. Aqui tudo é mais lento, a velocidade permite-nos:
Sermos absorvidos por uma nuvem de crianças quando chegamos a uma aldeia perdida no meio dos Atlas (Marrocos) e sabermos que provavelmente seremos a notícia das próximas semanas para esta comunidade.
Por estes motivos, viajar é descobrir algo pela primeira vez, que nos cria algo de novo.
A informação disponível sobre os locais pode ser imensa, mas só se conhece verdadeiramente um local quando o pisamos, quando respiramos o seu ar, desta forma, somos cidadãos daquele local e sentimo-nos em casa em cada lugar por onde passamos.
Estão reunidas as condições para iniciarmos uma viagem que nada tem de semelhante com aquela que normalmente se faz, aqui não há pacotes turísticos, aqui há pessoas e a sua forma de se integrarem na paisagem, o resto descubra você no local